A possibilidade de o Supremo Tribunal Federal (STF) determinar a prisão de Jair Bolsonaro ou impor o uso de tornozeleira eletrônica assim que ele se tornar réu tem gerado forte apreensão entre seus aliados mais próximos. Segundo informações apuradas por Igor Gadelha, o receio aumentou significativamente na noite de segunda-feira (25/3), quando rumores sobre essas possíveis medidas chegaram aos ouvidos da equipe jurídica e de pessoas do círculo íntimo do ex-presidente.
De acordo com o que apurou o jornalista do Metrópoles, o temor no grupo bolsonarista é que a presença de Bolsonaro no julgamento da denúncia na Primeira Turma do STF sirva de pretexto para que a Corte decrete imediatamente uma medida restritiva, como prisão ou monitoramento eletrônico.
Ainda conforme relata Igor Gadelha, a ausência simultânea do presidente Lula e dos chefes do Legislativo, Hugo Motta (Republicanos-PB), da Câmara, e Davi Alcolumbre (União-AP), do Senado — todos em viagem oficial ao Japão —, alimenta a tese de que o momento seria oportuno para uma ação mais drástica do Supremo.
Com os boatos ganhando força, aliados de Bolsonaro teriam procurado interlocutores do Judiciário em Brasília para buscar esclarecimentos sobre a chance de uma eventual ordem de prisão ou uso de tornozeleira eletrônica ser expedida agora.
Em sua apuração, Igor Gadelha ouviu ministros de tribunais superiores próximos ao ex-presidente, que minimizaram os rumores. Segundo uma fonte ouvida sob reserva pelo jornalista, apenas o recebimento da denúncia não justificaria qualquer medida cautelar imediata. “Só se existir um outro motivo. Mas apenas em razão do recebimento da denúncia não teria sentido algum”, afirmou um magistrado com bom trânsito no STF.
A avaliação compartilhada à coluna do Metrópoles é de que para que Bolsonaro fosse alvo de uma medida mais dura neste momento, seria necessário que houvesse interferência direta no andamento do processo, o que não foi identificado até agora.
O julgamento do inquérito do golpe, que envolve Bolsonaro, teve início na terça-feira (25/3) e deve continuar nesta quarta-feira (26/3). Igor Gadelha destacou que o ex-presidente esteve presente no primeiro dia da sessão e garantiu que comparecerá novamente.