O portal Metrópoles trouxe à tona, com exclusividade, o rompimento político entre Flávio Dino, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), e Carlos Brandão (PSB), governador do Maranhão. A matéria, assinada pelo jornalista Paulo Cappelli, destacou que Dino, ex-governador e mentor político de Brandão, não o convidou para seu casamento, marcado para o dia 30 deste mês, o que simboliza o fim da relação entre os dois líderes que dominaram a política maranhense nos últimos anos.
Relação de aliança e o acordo político rompido
Dino e Brandão eram considerados os principais aliados políticos do Maranhão. Com o apoio decisivo de Dino, Brandão assumiu o governo do estado em 2022, após a renúncia de Dino para concorrer ao Senado, e venceu a eleição em primeiro turno. O acordo entre ambos previa que Brandão deixaria o cargo em 2026, abrindo espaço para que o vice-governador Felipe Camarão (PT) disputasse a eleição ao governo estadual. Entretanto, conforme reportado pelo Metrópoles, Brandão sinalizou que não pretende cumprir o combinado e que continuará no cargo até o fim do mandato. Além disso, há planos de lançar seu sobrinho como candidato ao Executivo estadual, movimento que irritou Dino.
O ponto de ruptura: a indicação ao TCE-MA
O Metrópoles detalhou que a crise escalou após Dino vetar a nomeação de Flávio Vinícius Araújo Costa, advogado de confiança de Brandão, para uma vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE-MA). Dino argumentou que a indicação não seguia os critérios constitucionais, já que ações foram movidas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pelo partido Solidariedade.
No entanto, o entorno de Brandão viu a ação de Dino como um movimento para impedir que o governador consolidasse sua influência política no estado, já que o controle sobre o TCE-MA é visto como uma posição estratégica no Maranhão. Essa decisão aumentou as desconfianças e aprofundou a distância entre os dois líderes.
Acusações mútuas de deslealdade
A reportagem do Metrópoles ressaltou que a relação entre Dino e Brandão foi se deteriorando por conta de acusações de deslealdade de ambos os lados. Dino, que se orgulha de ter combatido o domínio de oligarquias políticas no Maranhão, expressou frustração com a gestão de Brandão, especialmente com a nomeação de parentes do governador para diversos cargos importantes na administração estadual. Em outubro, o ministro Alexandre de Moraes (STF) determinou o afastamento de parentes de Brandão de seis órgãos públicos, incluindo a Secretaria de Estado da Saúde, Secretaria de Infraestrutura e Companhia de Gás do Maranhão, agravando ainda mais a crise.
Por outro lado, aliados de Brandão acusam Dino de ainda manter influência no estado e de usar seu poder no Judiciário para bloquear indicações estratégicas, sugerindo que Dino estaria "com um pé na canoa do Judiciário e outro na política". Há especulações de que Dino ainda sonharia com uma candidatura à presidência da República, o que explicaria sua tentativa de evitar que Brandão fortalecesse sua base política no Maranhão.
Crise atinge a Assembleia Legislativa
Além da disputa pela indicação ao TCE-MA, o Metrópoles revelou que a ruptura entre Dino e Brandão também teve reflexos diretos na Assembleia Legislativa do Maranhão. A eleição para a presidência da Casa, em um momento inédito, terminou empatada entre a candidata apoiada por Brandão, Iracema Vale (PSB), e o candidato da oposição, Othelino Neto (Solidariedade). Cada um recebeu 21 votos de seus pares. A vitória de Iracema foi garantida apenas pelo critério de desempate da idade.
No entanto, o clima de instabilidade permanece. Othelino Neto indicou que poderá acionar o STF para tentar reverter o resultado, e deputados estaduais que perderam espaço no governo, após a nomeação de parentes por Brandão, seguem insatisfeitos.
Alinhamento com partidos de direita e mudança no cenário político
Outro fator que contribuiu para o afastamento entre Dino e Brandão foi o realinhamento político do governador. Desde que assumiu o governo, Brandão tem feito alianças com partidos de direita, como o PP, União Brasil e o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, o que desagrada Dino, que sempre se posicionou à esquerda e mantém proximidade com o governo federal de Luiz Inácio Lula da Silva.
Esse movimento político de Brandão ampliou ainda mais o fosso entre ele e Dino, consolidando a ruptura. Enquanto Dino parece mais focado no Judiciário, seus aliados ainda especulam sobre uma possível volta à política, talvez com ambições para a presidência, o que seria um novo desafio para Brandão no cenário estadual.
O casamento de Dino, sem a presença de Brandão, será mais que uma cerimônia privada: simbolizará o fim de uma era de cooperação política que transformou a dinâmica de poder no estado.