Por Robert Willian Valporto
Estrategista em marketing político, professor universitário, doutor em Comunicação e Marketing e CEO do Grupo Comunic - Comunicação Integrada.
Marketing Político e Comunicação Pública são dois conceitos que venho defendendo academicamente há alguns anos como correlatas e que, costumeiramente - e apesar de aparentarem ser a mesma coisa para muitos, e não são - agem em detrimento um da outra, quando na verdade se exercidas em sua plenitude, seriam complementares entre si.
Faço outro recorte para comentários que fiz em entrevistas sobre as eleições de 2024 da capital maranhense, onde apontei que teria maior força política e provavelmente êxito naquelas eleições, não o candidato que tivesse maior apoio partidário, de grados de renome nacional ou de correntes ideológicas bem definidas, mas o que se aproximasse da ponta como estratégia central.
Dito isso, chego ao cenário em que o marketing político - como na versão Governo Lula versus Nikolas - se apresenta como eixo central na pauta politica de São Luís e nos encaminhamentos para as eleições de 2026 no Maranhão.
Era perceptível o comportamento de desalinhamento entre parte da Casa Legislativa de São Luís e o ocupante da principal cadeira do Palácio de La Ravardière. Isso só até o momento em que estourou a crise - de novo - do transporte público da capital. Acertadamente, do ponto de vista estratégico e como sempre tem feito, e apesar de parecer que agia tardio, o prefeito foi falar com quem o interessa, a ponta.
Não houve segunda oportunidade para a classe política de oposição retrucar. Restou à integralidade dos ocupantes das cadeiras de Câmara acompanhar a estratégia da Prefeitura, além de dar ainda mais glória a uma isolada voz naquela casa, que apesar de também acertadamente já ter alinhado sua rota para comunicar com a ponta, chegou colocando 'o elefante na sala' e causou desconforto com seus pares.
Mas não se engane. A questão central não é a crise do transporte público. Tudo isso tem algo que se esconde - ou talvez nem tanto assim - da maioria da população, que é o debate sobre os principais players as eleições de 2026, que está indo além das decisões e acordos dos Leões, espaços partidários e afins. Ou seja, a questão central está em como melhor explora a crise para ter destaque.
Está ficando cada vez mais claro que a melhor estratégia de marketing político desempenhada é a de quem se comunicar com a ponta e dá soluções a ela. Isso, no nosso mercado, é muito mais que óbvio. Para a classe política local, foi necessário alguns ensaios recentes para entenderem que não importa sua legenda, apoio, tampouco o poder. No final, a voz é sempre do povo.
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